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Os Melhores do Mundo,
para a Coleção Brasilienses

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sucesso nacional no Correio Braziliense


É muito legal ter seu trabalho reconhecido pela imprensa, mas é especialmente legal quando ele é reconhecido pela imprensa da sua cidade. Em uma reportagem de marejar os olhos, Carlos Marcelo (do Correio Braziliense) nos emociona e ao mesmo tempo da ânimo para completarmos mais uma década de carreira. Além de fazer um resumo dos mais de 15 anos da nossa história, ele acompanhou e resumiu o trabalho de uma semana da nossa cia.
Sérgio Maggio , outro amigo do mesmo jornal estava em Porto Alegre durante as apresentações da peça Hermanoteu na Terra de Godah, e fez um relato para o Correioweb do que presenciou naquela cidade. Também emocionou a nos e a ele. Seguem as duas matérias na íntegra... Não vou escrever mais, lê ai... Já li umas 10 vezes =)


Os Reis do Rá-Rá-Rá

Turnê agendada pelo Brasil até julho de 2010, mais de 30 mil cópias vendidas do DVD, fenômeno na internet, sessões extras todo fim de semana, pizzas, cervejas e fotos, muitas fotos com os fãs. Conheça a trajetória, os bastidores e os planos do maior grupo brasiliense da década: a companhia de comédia Os Melhores do Mundo
Carlos Marcelo
Da equipe do Correio

A longeva convivência da dupla Mick Jagger e Keith Richards, a maquiagem e as caretas do Kiss, as performances dos Doors em grandes palcos de Los Angeles, as poses das bandas de Brasília na hora de fazer fotos embaixo do bloco da quadra… A comparação com a trajetória de roqueiros é recorrente em conversas com os integrantes dos Melhores do Mundo. Rock in riso? Faz sentido. Depois do fenômeno do quadro Joseph Klimber, da peça Notícias populares, que teve mais de 1milhão de acessos na internet, a companhia brasiliense vive em ritmo de turnê. Não cabe mais em teatros pequenos nem de médio porte.
Microfones grudados no rosto, se apresentam em casas noturnas, centros de convenções e salas de espetáculo com capacidade para até 5 mil espectadores. E não é suficiente: sempre há sessões extras. “Joseph Klimber virou ídolo. Foi uma explosão, catapultou a nossa carreira nacional e aumentou todas as perspectivas de futuro da companhia. É espetacular, mas é assustador”, analisa Adriano Siri. “Tudo é muito estranho: a gente queria ser um grupo nacional e conseguiu. Mas só quando você chega ao topo percebe que existem outras montanhas: são tantas as possibilidades que a gente bate um pouco a cabeça”, admite Welder Rodrigues.
A prova de fogo, que fez da companhia brasiliense mais do que um grupo de um só sucesso, veio com a ótima acolhida nacional para outro espetáculo, Hermanoteu na terra de Godah, também impulsionado pelo que eles chamam de boca a boca virtual, via YouTube. O plano de voo foi estabelecido: seguir pelo Brasil, nos próximos anos, com alternância de montagens para apresentação do variado repertório da companhia. Mesmo que ainda haja alguma confusão por parte do público. “Muita gente de outras cidades vai achando que verá um espetáculo com todos os quadros conhecidos juntos, uma espécie de Best of…”, conta Ricardo Pipo. Semana passada, em Porto Alegre, eles apresentaram Hermanoteu; neste fim de semana estão em Uberlândia com Notícias populares. Na semana que vem, interrompem o rodízio para voltar a Brasília e reviver Sexo — A comédia, “nosso melhor espetáculo”, na opinião de Adriana Nunes.
Até o fim do mês, eles passarão por Londrina, Maringá e São Paulo. Depois, seguem para Curitiba, Cuiabá, Campo Grande. Em julho, incluem Melhores do Mundo Futebol Clube na roda-viva. No início de 2009, a agenda da companhia brasiliense já tem datas preenchidas até 2010, mais precisamente “até o Brasil perder na Copa do Mundo”, brinca o produtor Carlos Henrique, o Zizica. Ele não revela o valor do cachê do grupo, mas conta que está no patamar de artistas do primeiro time da música brasileira, como Maria Rita e O Rappa, que não saem de casa por menos de R$ 50 mil. “Para onde a gente vai, bate recorde: são números realmente superlativos e inéditos para uma companhia de teatro”, comemora Zizica.
Da van para o palco
“O que a gente sempre almejou não podia ser mais real: toda sexta a gente sai de Brasília, pega o avião, desembarca em uma cidade diferente onde tem alguém segurando uma placa com nosso nome. Entramos na van, seguimos para o hotel, e de lá para o palco. E é verdade: as listas de exigências com número de toalhas existem!”, brinca Siri, citando um dos clichês do mundo roqueiro. A comparação agrada a Welder, recém-chegado do show do Kiss: “A gente está para o teatro não para a música clássica, mas para o rock. Trabalhamos muito para fazer o público enlouquecer”.

Nem sempre o êxito acompanhou o projeto de Os Melhores do Mundo se transformarem em Os Maiores do Brasil. Muito pelo contrário. Houve ao menos uma época, quando o grupo tentou se radicar no Rio de Janeiro, de “fracassos retumbantes”, na definição de Siri. Muitas sessões foram canceladas por falta de público. “Ali foi o momento mais difícil”, conta Adriana, fundadora do grupo, com Welder e Pipo. “Porque, em Brasília, a gente sempre teve casa cheia. Depois, também no Rio, tomamos outro baque e decidimos voltar para cá.” A dificuldade serviu para reforçar um sentimento “que é maior do que amizade, é fraternidade”, define Jovane: “Eu sinto necessidade de estar perto desses caras”.
Apesar do sucesso no Zorra total dos personagens Jajá e Juju, protagonizados por Welder e Adriana, todos afirmam que a televisão não leva público ao teatro. Pelo contrário. “A influência é de, no máximo, 10%”, avalia Jovane. Ele é o único que continua sob contrato com a Rede Globo: redige e protagoniza o quadro do Zé Pimenteira no humorístico que vai ao ar nas noites de sábado. “Os meninos não quiseram ficar, é cansativo, mas eu gosto de poder escrever um texto que vai ser ouvido por 20 milhões de pessoas”, justifica Jota, como é chamado pelos colegas.
Nas andanças pelo Brasil, puxam papo com motoristas de van e taxistas para saber os assuntos em voga naquela cidade e dão um jeito de encaixá-los no espetáculo. Em Brasília, com a intensa vivência crítica, fica tudo mais fácil. O novo projeto de Niemeyer, as gafes de Roriz, a sanha dos distritais, a fila do BRB, o time do Gama... tudo é motivo para piada. Em momento antológico da peça América, citavam o projeto mirabolante de um trem-bala que ligaria as capitais do Brasil e de Goiás, antes de arrematar: “Gente, pra que tanta pressa para chegar a Goiânia?”.
Sobre o futuro, sobra otimismo. Após divergências com a gravadora Warner, que lançou Notícias populares, agora pretendem produzir e distribuir os próprios DVDs — Hermanoteu será o primeiro da lista. Também finalizam licenciamento da marca Melhores do Mundo para cadernos, camisetas, agasalhos, mochilas. “Mas o nosso forte é o teatro, e vai continuar sendo o teatro”, ressalta Welder. Siri, diplomático, escolhe bem as palavras para definir a sua visão do que vem pela frente. “Nossa perspectiva é muito boa: estamos vislumbrando o conforto da perspectiva de envelhecer fazendo palhaçadas”. Jovane é mais direto: “Minha ambição é fazer desse grupo o maior da história do teatro brasileiro. Essa é a meta”.
Pipo, por sua vez, ilustra o futuro com uma proposta surpreendente de Victor, reconhecido por todos como o mais visionário ao bancar, ainda nos tempos de Teatro dos Bancários, que o grupo tinha que conseguir se apresentar no Canecão. Na sala de embarque do aeroporto de São Luís, Victor se virou para o grupo e propôs: “Por que não ginásios, hein?”. Os outros, meio entorpecidos de sono, nem tiveram tempo de retrucar quando ele continuou: “É, fazer o espetáculo em ginásios... tem muita cidade brasileira que não tem teatro nem casa noturna. A gente adapta o palco, cria uma estrutura, dá um jeito. Sou pela popularização. Pô, não seria legal que Paracatu pudesse receber Os Melhores do Mundo?”.
Garotos nacionais
2.350 apresentações nos últimos nove anos
1,7 milhão de espectadores no mesmo período
8 mil é a média de espectadores por fim de semana
32 mil cópias vendidas do DVD Notícias populares


De volta para casa
Os espetáculos que Os Melhores do Mundo apresentarão em Brasília até o fim do ano
Abril
Sexo – A comédia
Da próxima sexta até domingo na Sala Villa-Lobos. Ingressos à venda na bilheteria do
Teatro Nacional.

Maio
Misticismo (datas a definir)
junho
Melhores do Mundo Futebol Clube (datas a definir)

Eles por eles
continuação da capa
Allen no DNA de Klimber

Jovane Nunes ficou impressionado com a perseguição sofrida por Harrison Ford em O fugitivo: “Esse cara não desiste nunca…”. Também guardou na memória a revelação que o assassino usava prótese no braço. Pouco depois, viu Um assaltante bem trapalhão, em que Woody Allen usa uma narração descritiva para realçar a ironia. Assim nasceu Joseph Klimber (“A vida é uma caixinha de surpresas”). Para Welder, corpo e alma do personagem, o sucesso se explica pela sedução do humor negro: “O humor é o erro”. Jovane completa: “O quadro é muito cruel. Mas é muito engraçado…” (CM)
todas fotos Breno Fortes/CB/D.A Press

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