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para a Coleção Brasilienses

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sexo no verão

Ana Clara Brant
Publicado no Correio Braziliense 24/01/2011

Fortaleza e Salvador — No auge do verão, um fenômeno do entretenimento sacode o Nordeste. Não se trata de uma banda de forró, de um carnaval fora de época, de uma nova cantora de axé ou algo do gênero, mas de um grupo de teatro brasiliense, a Cia. de Comédia Melhores do Mundo. Criada há 16 anos, a trupe provou no último fim de semana que sua fama e carisma ultrapassaram as fronteiras da capital federal. “Brasília não tem dimensão ainda do que significamos fora da cidade. É impressionante o que a gente vem conquistando de público país afora, nesses últimos anos”, comenta o ator Victor Leal, um dos integrantes da companhia, que de sexta até ontem se apresentou em Fortaleza e Salvador.
Só na capital cearense, a trupe arrebatou público de 4.200 pessoas em uma única apresentação, no Siará Hall, na sexta. Do lado de fora da casa de espetáculos, tinha-se a impressão de que um grupo de rock ou um ídolo teen estava por ali, tamanho o frisson dos espectadores. “Nosso maior público em um único dia é em Fortaleza, porque esse local abriga grandes eventos mesmo. E é sempre uma imensa responsabilidade estar lá, pois a cidade é considerada a capital do humor nacional. Certa vez, em 2008, ficamos sabendo que boa parte dos humoristas de Fortaleza tinham cancelado os seus espetáculos só para poder nos assistir”, comenta o ator Ricardo Pipo.
Em Salvador, onde Os Melhores fez três sessões lotadas sábado e ontem — sendo uma extra — no histórico Teatro Castro Alves, o rebuliço não foi diferente do que se viu no Ceará. “A agenda cultural de Salvador está bombando porque estamos em pleno verão, às vésperas do carnaval, e mesmo assim conseguimos lotar e ainda abrir sessão extra. É bastante expressivo conseguir levar um público de quase 9 mil pessoas em um único fim de semana, juntando as apresentações da Bahia e de Fortaleza”, comemora o produtor do grupo, Carlos Henrique.
Sexo
A peça que abre a temporada d’Os Melhores do Mundo em 2011 tem nome convidativo e currículo expressivo: Sexo, a comédia, considerado o espetáculo mais assistido da história de Brasília. Desde sua estreia em 1996, foi vista por cerca de 350 mil pessoas em todo o Brasil. “É uma das peças mais importantes do nosso repertório. O próprio nome já desperta a atenção, mesmo de quem não sabe que somos nós que estamos apresentando. E quando as pessoas descobrem, aí é um Deus nos acuda. O resultado é sempre fantástico”, comenta o ator Welder Rodrigues.
Sem dúvida, o nome da montagem, que traz no elenco quase todo o grupo, com exceção da atriz Adriana Nunes, é curioso e, claro, dá margem a brincadeiras e trocadilhos que a trupe adora. “Já fizemos Sexo em Belo Horizonte? E São Paulo, foi bom? Nossa, hoje vamos fazer Sexo com 4 mil pessoas. Sexo costuma durar uma hora e meia, mas quando estamos empolgados....”, brinca o ator Adriano Siri.
O espetáculo, criado inicialmente com nove esquetes, ficou mais enxuto e hoje é encenado com quatro. Foi escolhida como peça de trabalho de 2011. Cenário e figurinos simples facilitam as viagens e o texto, mesmo tratando de um assunto, digamos, picante, não apela para baixarias e pornografia. Isso sem falar nos improvisos dos atores com as piadas regionais.
Logo que chegam a uma cidade, a turma trata de se informar sobre peculiaridades locais, como o time que está em alta no campeonato, o político mais corrupto da região ou até mesmo onde fica a “zona” do município. “A gente faz uma busca na internet e também pede ajuda para os produtores locais, para o motorista da van, para o recepcionista do hotel. É uma marca do nosso grupo regionalizar as piadas. Nos aproxima mais do público e sai de uma maneira bem natural, apesar do improviso”, analisa o ator Jovane Nunes, que levou o pequeno filho Leonardo, 2 anos, para a turnê no Nordeste.
Em quase 16 anos de carreira, o grupo já rodou por 25 capitais brasileiras. Faltam apenas duas, que serão incluidas no roteiro ainda este ano: Macapá (AP) e Boa Vista (RO). “Nenhum artista brasileiro conquistou esse feito até hoje. Nem Chico Anysio”, revela Pipo. Outra novidade para 2011 é que todos os atores estão tendo aulas de espanhol e inclusive, um dos textos, Hermanoteu na terra de Godah, já foi traduzido para esse idioma. “A gente tem intenção de viajar por países da América do Sul e quem sabe, um dia, até encenar para os brasileiros e hispanos que vivem nos Estados Unidos. Estamos sempre tendo ideias novas não só para nos divertir, mas também para entreter o público. É assim que a gente leva a nossa vida e nosso trabalho”, resume Victor Leal.

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