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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Italianos clonam Klimber


 
Italianos se desculpam por clone de Klimber

Tiago Faria
Da equipe do Correio


O clone italiano de Joseph Klimber descansa em paz. Fora do ar, Carmelo Fagocitano não ocupa mais a grade de programação da emissora Italia 1 nem o palco do programa dominical Colorado café. O personagem virou motivo de vergonha para a dupla de comediantes Andrea Ceccon e Enrique Balbontin. Isso porque o quadro de humor reproduz em detalhes uma das criações mais populares da companhia de teatro Os Melhores do Mundo. Indignado com o plágio, o grupo protestou na internet e em matéria publicada no Correio Braziliense. O barulho surtiu efeito: os atores do humorístico L’incrócio enviaram pedido de desculpas via e-mail. Chamuscado pela gafe, Fagocitano simplesmente desapareceu da grade de programação.

Há duas semanas, vídeos no YouTube instigaram a comparação constrangedora entre o genérico estrangeiro e o original brasileiro. Até o bordão “a vida é uma caixinha de surpresas” ganhou tradução literal: “la vida è una cassapanca di soprese”. “Depois que a notícia saiu na imprensa e no nosso blog, pessoas mandaram e-mails espontâneos para a tevê. Houve repercussão por lá. O canal não se manifestou, mas logo passamos a receber e-mails dos italianos”, conta o ator Adriano Siri. Os primeiros textos enviados da Itália, segundo Siri, são “impublicáveis”. Neles, Ceccon e Balbontin contam que descobriram o quadro brasileiro por meio de um amigo, mas não sabiam que se tratava da criação de um grupo profissional.

De autoria de Jovane Nunes e Victor Leal, Joseph Klimber está no repertório da companhia brasiliense há 13 anos e foi o maior responsável pelo sucesso do grupo no eixo Rio–São Paulo. Exibido no Programa do Jô em 2006, o esquete bateu os 20 milhões de acessos no YouTube. “Aceitamos a desculpa”, diz Siri, que pediu a eles um e-mail formal sobre o assunto. Os fãs não perdoaram. Na internet, deixaram mensagens ríspidas contra o plágio. “Que vergonha! É uma cópia malfeita de Joseph Klimber”, comenta uma internauta, no YouTube.

No texto oficial, curto, a dupla reconhece o erro e se diz sentida. “Agradecemos sinceramente pelo entendimento da nossa boa fé e por não terem dado prosseguimento legal ao caso”, escrevem. Além disso, Ceccon e Balbontin se comprometem a não representar o esquete La vita è una cassapanca de sorprese em nenhuma forma (áudio, vídeo ou ao vivo). “Pedimos desculpas novamente pelo problema causado”, encerram o e-mail. No site oficial do programa de tevê, uma informação adiciona tempero cômico à história: Balbontin é advogado criminalista.

Com a retratação, o grupo decidiu encerrar o caso. “Até poderíamos ir em frente. Um processo seria jogo ganho. Mas nunca quisemos ganhar dinheiro assim”, afirma Siri. Os brasilienses chegaram a entrar em contato com o Itamaraty. “Na Itália eles foram chamados de plagiadores, estão profundamente arrependidos. Não queremos prejudicá-los”, garante. O objetivo principal do Melhores do Mundo era ter reconhecida a autoria do trabalho — e isso, para Siri, ficou claro. “Nosso medo era que passasse pela cabeça de alguém que eles tivessem inventado o quadro”, explica. O projeto de vender os direitos do grupo ao redor do mundo, aliás, continua de pé. “Vamos começar pela Itália”, provoca.

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