Foto: Ricardo Labastier
Livro que conta a saga da principal companhia de teatro do DF, um dos volumes da Coleção Brasilienses, será lançado 21 de agosto
GABRIEL DE SÁ
O
ano de 2006 está circulado em vermelho na trajetória da companhia de
comédia brasiliense Os Melhores do Mundo. Um esquete do personagem
Joseph Klimber, apresentado no Programa do Jô, foi postado no YouTube
sem o grupo saber. Dois meses depois, atingiu a marca de 1 milhão de
visualizações. Àquela altura, os atores Welder Rodrigues e Adriana
Nunes, que davam vida ao casal Jajá e Juju, já estavam bombando no Zorra
total, mas ainda não eram associados ao grupo de Brasília do qual
faziam parte.
É
a partir deste momento que começa a escalada da companhia, o maior
sucesso teatral do DF, rumo ao estrelato nacional. E é deste ponto,
também, que o jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio inicia o livro Os
Melhores do Mundo — A festa do riso, que detalha a vitoriosa carreira de
Welder, Adriana, Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo e Victor
Leal, todos radicados em Brasília. “Hoje, eles são o maior grupo de
comédia do Brasil”, afirma Maggio, convicto. Ao seis atores, somam-se
outros dois “protagonistas”: o produtor Carlos Henrique, o Zizica, e o
diretor técnico Marcello Linhos, partes fundamentais da família teatral.
Maggio
foi convidado a escrever o livro no começo do ano passado. Foram seis
meses de labuta, entre a pesquisa e o colocar a saga no papel. Para a
empreitada — um “desafio pessoal”, segundo o jornalista —, ele contou
com a assistência de Lúria Rezende. A Coleção Brasilienses, que chega a
seu quinto volume, já reverenciou outros cidadãos ilustres da cidade:
Nicolas Behr, Roberto Corrêa, Luiz Humberto e “os criadores” Athos
Bulcão, Burle Marx, Lucio Costa e Oscar Niemeyer.
“Ficamos
muitos felizes e emocionados com a homenagem. Foi uma forma de
relembrar nossa trajetória. Fazer parte de uma coleção que homenageia
pessoas de destaque da cidade é uma honra. Sérgio e a equipe fizeram um
excelente trabalho de pesquisa e a forma como ele escreveu o livro é
muito interessante”, destaca o comediante Victor Leal. “Os Melhores não
esperavam ter que colocar essas memórias em dia”, brinca o dramaturgo.
Para
o perfil biográfico, Maggio recorreu a uma narrativa chamada por ele de
“teatro documentário”. O livro foi escrito como o roteiro de uma peça.
“Não queria ficar só com os oito do grupo. Resolvi, então, ampliar as
vozes. No total, entre personagens fictícios e reais, cerca de 70
‘pessoas’ aparecem”, descreve ele. “Me imaginei sentado em um teatro”.
Maggio fez sua “investigação” no Centro de Documentação do Correio
Braziliense, e visitou também o acervo de outros veículos e dos próprios
integrantes do grupo. Além disso, o material disponível na internet foi
fundamental para a pesquisa, registrada no blog
www.rumoaoplanetagargalhada.blogspot.com.
Cronistas e críticos
O
embrião do Melhores começa a surgir em meados dos anos 1980, momento de
transição entre a ditadura militar e a democracia, com o encontro
artístico de Welder e Pipo. “A arte foi uma das formas de ocupar a
cidade. Tínhamos o rock, o teatro as artes plásticas. Havia
efervescência e liberdade para o amadorismo. Não tinha parâmetros. As
pessoas podiam arriscar”, explica Maggio. É neste contexto que a dupla
começa a se apresentar, dentro da programação do mosaico Jogo de Cena,
organizado por James Ferstenseifer.
Em
paralelo, a atriz Adriana Nunes percorre escolas da Asa Norte com suas
peças. Ela se junta à dupla e eles aparecem como grupo em 1991, com a
montagem A culpa é da mãe — nome adotado por eles por alguns anos. Os
outros integrantes foram chegando aos poucos e, em 1995, atingiram a
atual formação, mudando o nome para Os Melhores do Mundo, simbolicamente
em 21 de abril.
Maggio
mantém uma relação extra-profissional com alguns dos atores. Contudo, a
amizade começou de “forma trincada”, quando, no começo dos anos 2000,
ele criticou negativamente uma peça paralela de Welder e Pipo. “Depois,
fui descobrindo as várias facetas deles, a comédia cronista e crítica”,
comenta o jornalista.
O
livro, cujo projeto gráfico é de Chico Amaral, traz um ensaio
fotográfico em preto e branco e uma história em quadrinhos inédita feita
pelo grupo para a publicação. Além disso, fotos e cartazes de várias
épocas ajudam a contar a saga dos Melhores. “É uma parte da história do
teatro de Brasília, uma cidade com poucos registros e uma bibliografia
parca”, analisa Maggio. O lançamento acontece hoje, no ParkShopping, e
conta com uma palinha do megassucesso Joseph Klimber.
“Certa
vez, um repórter me perguntou se eu me arrependia de ter saído (dos
Melhores), posto que hoje eles são o grupo cômico de maior sucesso do
país. Dei uma gargalhada e respondi: definitivamente não, tenho orgulho e
admiração pelo sucesso deles e acho, sinceramente, que o (Adriano) Siri
completou a sinergia necessária para o grupo, inclusive se casando com a
Adriana (Nunes) e formando uma família muito feliz. Realmente, um caso
de encontro perfeito desses seis”.
Murilo Grossi, ator que assina o prefácio do livro e integrou a companhia em seus primeiros anos.
1 milhão
Número de espectadores entre 2006 e 2011
180 mil
Média de público do grupo por ano
30
Número de vezes que se apresentaram na casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro
37
Peças montadas desde o começo da carreira
Os Melhores do Mundo - A festa do riso
De Sérgio Maggio, com fotos de Ricardo Labastier. Coleção Brasilienses. 122 páginas. R$ 35.
Lançamento
21
de agosto, às 19h30, na praça central do ParkShopping (SAI/SO, Área
6580), com o esquete do espetáculo Joseph Klimber. Entrada franca.
Classificação livre.
Exposição fotográfica
16
fotos em preto e branco de Ricardo Labastier. De amanhã até 9 de
setembro, no Espaço Gourmet do ParkShopping. De segunda a quinta, das
12h às 23h; sexta e sábado, das 12h à 1h; e domingo das 12h às 21h.
Entrada franca. Classificação livre.