Barbara Heliodora
O Globo - 08/04/2005
Está em cartaz no Teatro dos Quatro o espetáculo que
comemora os dez anos de atividade do grupo de Brasília que se intitula,
com toda a modéstia, Os Melhores do Mundo. O grupo já esteve antes no
Rio, e toda a sua fé de ofício expressa, com clareza, sua opção pelo
riso mais fácil e óbvio, com escorregões pelo grosso e chulo. Em
“Notícias populares” o que temos é uma série de esquetes cuja base é
sempre a deformação ou caricatura de uma notícia de jornalismo
televisivo: telões laterais apresentam as notícias dadas pelo “JMM”
(“Jornal Melhores do Mundo”, é claro) e apresentadas por profissionais
do ramo.
Esquetes sempre duram alguns minutos a mais
Os vários esquetes são criações coletivas do grupo, ao que parece, e em
todos eles o exagero, o deboche e a pura vontade de provocar
gargalhadas funcionam segundo os desejos dos realizadores; alguns são
mais divertidos do que outros, mas todos eles, até mesmos os melhores,
como o do debate de campanha política, com mediador supostamente isento,
duram sempre alguns minutos mais do que deveriam e vão ficando
repetitivos, à medida em que não há mais nada a ser arrancado da graça
inicial.
NOTÍCIAS POPULARES - pág. 1
A encenação é simples: painéis verticais cobertos com o título, “Notícias populares”, em diferentes tamanhos de letra de fôrma, e os cinco atores vestidos com ternos estampados como folhas de jornal em preto-e-branco, o que é uma boa idéia para o espetáculo. Dois telões laterais são responsáveis pelos noticiários “comentados” pelos esquetes e por supostas notícias (igualmente montadas para criticar o assunto) cobrindo aqueles momentos em que é necessário mudar de roupa ou simplesmente descansar um pouco. O recurso a figurinos caricatos é eficiente Não há programa e não se sabe, portanto, se algum dos elementos do grupo é isoladamente responsável pela direção. É bem mais provável que tudo seja resultado de improvisações coletivas eventualmente selecionadas à base do “isto sai”, “isto fica”. Os cinco elementos são experientes de palco e, em um espetáculo como este, tudo tem mais base no talento individual do que em qualquer proposta de interpretação de personagem. O recurso a figurinos caricatos e exagerados é eficiente para o tipo de comicidade buscado. Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues formam o grupo e se revezam em tipos mais ou menos importantes em cada esquete, todos empenhados com igual entusiasmo no único objetivo de provocar o riso. E o espetáculo se contenta com o não buscar mais do que isso. |
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