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Os Melhores do Mundo,
para a Coleção Brasilienses

sábado, 1 de setembro de 2012

Jornal de Brasília


Riso fácil no teatro


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Com casas quase sempre lotadas e público disposto a sorrir, os muitos grupos de comédia do Distrito Federal têm como inspiração a bem-sucedida trupe Os Melhores do Mundo

Houve um tempo em que a plateia brasiliense não sorria durante a encenação de peças. Impávida, seguia dramas produzidos por alunos e professores da UnB - textos de Moliére, Shakespeare, Nelson Rodrigues... - ou pensatas nascidas no Teatro Dulcina, no Conic. Quando muito, corria atrás de atrações televisivas ou representações de contos de fadas. Dar gargalhadas, entregar-se à comédia? Nem pensar. Até que, um dia, lá em 1991, nosso teatro ficou mais alegre, solto, besta. Culpa de Os Melhores do Mundo, nascido com o nome de A Culpa é da Mãe. Turma que influenciou o riso cênico feito hoje na cidade, com o G7, Os Fantásticos, Setebelos e outros.

Formado por Welder Rodrigues, Adriana Nunes, Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo e Victor Leal, Os MM (chamemo-los assim) ganharam o Brasil e o mundo. Graças, após o estouro na internet, no já longínquo 24 de junho de 2006, do vídeo de Joseph Klimber, vivido por Welder, que matara o povo de rir, no programa de Jô Soares e que viraria viral no YouTube. Pronto, ali, no Jô, aplausos em cena aberta. Ali, a explosão, o big bang do riso fácil. Logo com Klimber, que estreara no ainda mais longínquo 1997, em Notícias Populares, crítica à luta dos veículos de comunicação pela audiência. Na época em que Klimber bombou, os MM já eram famosos aqui e tinham certo destaque no Rio e em São Paulo. Até atuavam no Zorra Total, na TV Globo, com a dupla Jajá e Juju (!Tô doido, tô doido!")...

Os aplausos, aliás, ecoam até hoje no Brasil e em Portugal, terras onde apresentam Hermanoteu na Terra de Godah, Dingou Béus e Sexo A Comédia, espetáculos da vez. Sempre com teatros lotados de fãs ávidos para dar boas gargalhadas. Simples assim. Rir dos "improvisos" já treinados, das citações às realidades regionais, das eventuais grosserias da trupe. De quase tudo, enfim.

Prova de que a comédia está no sangue e na língua da trupe, que desfila sua verve amanhã e domingo, por exemplo, em Maceió, Alagoas. Em cartaz, Hermanoteu, uma sátira às histórias bíblicas. "O que aconteceu a partir de Joseph Klimber foi a exposição da companhia. As pessoas desejaram mais. Quiseram ver de perto e ao vivo. Como tinham repertório grandioso, o fenômeno venceu o prazo de validade de um viral. Hoje, tornaram-se a principal companhia de comédia do País", analisa o jornalista e escritor Sérgio Maggio, autor de A Festa do Riso, livro recém-lançado pela Coleção Brasilienses, que faz perfil do grupo.

Segundo Maggio, os MM estimularam a formação de grupos, que, agora, percorrem o mesmo caminho, com estratégias mercadológicas similares. E em Brasília, a cena da comédia é a única que vive de bilheteria. Os demais grupos precisam do FAC. "É um momento de transição que depende do governo e do empresariado perceberem que o teatro de Brasília está pronto para se tornar uma cena sustentável e diversificada graças à nossa comédia", explica Maggio.

Ator de Os Fantásticos Cia de Comédia, Alexandre Soca admite a influência de Welder, Pipo, Siri, Jovane, Victor e Adriana no trabalho das trupes candangas de besteirol . "Crescemos vendo os MM. São exemplo para nós. E sempre vai existir espaço para a comédia em Brasília. As pessoas querem rir. Também colocamos as pessoas para pensar", garante Soca, que também pega ideias de várias mídias para suas peças, como a TV. A mesma TV, aliás, que consagrou Joseph Klimber, Jajá e Juju, a comédia local...

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